Em fevereiro de 1995, um crime ocorrido num imóvel de primeiro andar, na Rua Comendador Álvares de Carvalho, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife, ganhou as manchetes dos jornais, os noticiários da televisão e chocou a população pernambucana. Hoje, o local abriga uma oficina mecânica.
Foi naquele endereço que um pai e quatro filhas foram envenenados logo após tomarem o café da manhã. Laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que o artista plástico e engenheiro Aloísio de Lima Vieira Filho, 35 anos, e as filhas Rita Vieira Valença, 13, Renata, 12, Raquel, 10 e Rebeca 9 morreram após o consumo de cianureto de potássio.
A substância tóxica estava no café da manhã da família. No momento em que o marido e as filhas estavam se alimentando, a artista plástica Consuelo Valença de Lima Vieira, com 38 anos na época, foi até a casa da irmã, que morava ao lado. Por isso, não comeu e escapou do envenenamento.
Por pouco, ela não foi presa sob a acusação de envenenar toda a família. A investigação da Polícia Civil de Pernambuco indicou que Consuelo Valença havia sido a responsável pelo envenenamento da família.
Em depoimentos à polícia, a artista plástica revelou que o marido já pensava em cometer suicídio e matar a esposa juntamente com as quatro filhas devido às dívidas. Aloísio estava enfrentando diversos problemas financeiros havia um tempo e, naquele período, estava desempregado.
Não bastasse a dor de enterrar as quatro filhas e o marido (que chegaram a ser socorridos e levados para hospitais e foram morrendo um após o outro), Consuelo passou a ser chamada de assassina nas ruas e começou a viver praticamente reclusa.

Em junho de 2003, o juiz Nivaldo Mulatinho declarou que não havia provas para responsabilizar Consuelo pelas mortes. Para a Justiça, foi o artista plástico Aloísio Vieira quem colocou o cianureto de potássio na alimentação de toda família. Após conseguir provar a inocência, Consuelo iniciou a batalha para ser reparada por tudo que passou.
No ano de 2008, o Estado de Pernambuco foi condenado pela Justiça a pagar uma indenização de R$ 30 mil por danos morais. O Estado recorreu da decisão e até hoje a sentença final não foi anunciada.
Atualmente aposentada, Consuelo que morou por muitos anos com uma irmã no estado do Rio de Janeiro voltou ao Recife. Agora, vive com outra irmã num bairro da Zona Oeste da capital pernambucana. Consuelo, segundo parentes, vive doente e apenas com a renda de um salário mínimo, o que é insuficiente para comprar os remédios que precisa. A família espera o pagamento da indenização para ajudar no tratamento de Consuelo.
muito triste esse ocorrido.