Edifício Holiday: destino ainda incerto

Cinco anos e oito meses. Esse é o tempo que o Edifício Holiday, localizado no coração do bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, está interditado. Construído na década de 1950, o prédio que foi inaugurado como símbolo da arquitetura moderna da época segue abandonado e sem destino.

A Justiça pernambucana determinou a desocupação dos 476 apartamentos em março de 2019 devido ao alto risco de incêndio no local por conta das ligações irregulares encontradas em fiscalizações. O Holiday tem 17 andares e cada um deles conta com 28 apartamentos.

O edifício que era utilizado como casa de veraneio por famílias de classe média nos primeiros anos após sua inauguração foi interditado quando abrigava centenas de pessoas, a maioria delas barraqueiros da praia e aposentados. Muitos desses moradores eram inquilinos.

Localizado na Rua Salgueiro, entre a Avenida Conselheiro Aguiar e a Rua dos Navegantes, dois dos endereços mais cobiçados do bairro de Boa Viagem, o Holiday hoje contrasta com os arranha-céus da vizinhança. É o único prédio desocupado da localidade. Foi alvo de vândalos, que levaram tudo o que podiam do prédio.

Um dos pontos marcantes do Holiday são suas escadas. Elas formam um caracol gigantesco e os cobogós do prédio também são destaque da arquitetura da edificação, que tem três tipos de apartamentos: quitinetes, um quarto e dois quartos. Durante muitos anos, o Holiday teve vida própria. Hoje, ele agoniza.

Depois de muitas idas e vindas, a Justiça pernambucana determinou que fosse feita uma avaliação do edifício para que ele fosse a leilão e os moradores indenizados com o dinheiro da venda. Após a vistoria, o laudo apontou que o Holiday estava avaliado em R$ 34,9 milhões. Valor considerada baixo por alguns ex-moradores.

O leilão seria realizado no mês de maio deste ano, no entanto, um dia antes da realização, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) suspendeu o leilão a pedido da Defensoria Pública de Pernambuco. Algumas pessoas que vivam no Holiday pediram à defensoria que o prédio passasse por uma reforma e recuperação para receber os moradores novamente.

De acordo com o TJPE, o leilão foi suspenso porque o magistrado que deu a decisão considerou que as regras que haviam sido autorizadas pelo juiz de primeiro grau em novembro de 2023 permitiam que os futuros compradores demolissem o prédio. O Holiday é classificado como Imóvel Especial de Interesse Social (IEIS) pelo Plano Diretor do Recife.

A comerciante Kelly Correia, proprietária de um apartamento no Holiday, lamentou a suspensão do leilão. “Vai ser muito difícil os proprietários conseguirem arcar com as despesas da recuperação do prédio. Está tudo muito destruído. Eu e outros donos de apartamentos somos a favor do leilão, mas não pelo valor que foi avaliado. Queremos uma nova avaliação e com um valor justo”, pontuou Kelly, que trabalha na orla da Praia de Boa Viagem.

A ex-moradora do Holiday alega que pela localização, terreno e estrutura, o edifício vale mais do que o valor indicado pela perícia. “O Holiday está no coração de Boa Viagem, é perto da praia e muito bem localizado. Essa avaliação está defasada. O valor dele é muito mais que isso. E ele sendo leiloado pelo preço justo a gente vai poder receber um pouco mais pelos nossos apartamentos”, destacou a comerciante.