Jennifer Kloker e seu filhinho que a viu ser morta. Foto: Reprodução

Caso Jennifer: 15 anos do crime que desafiou a polícia e chocou Pernambuco

A morte de uma turista alemã, em plena terça-feira de carnaval, no estado de Pernambuco, em 2010, intrigou a polícia pernambucana e chamou a atenção da imprensa e da sociedade. No dia 16 de fevereiro, por volta das 21h, Jennifer Marion Nadja Kloker, com 22 anos na época, foi assassinada a tiros. O corpo dela só foi encontrado, na manhã do dia seguinte, às margens da BR-408, em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Antes de ser assassinada, Jennifer estava com a família num passeio de carro.

Ouvidos pela polícia, os parentes relataram que foram assaltados por dois homens que estariam numa moto e que os suspeitos levaram a alemã porque ela teria ficado muito nervosa durante a suposta abordagem. A versão contada pelo marido e pela sogra da vítima não durou muito para ser desconstruída. Os investigadores sabiam que existia algo de errado na história narrada nos primeiros depoimentos deles. A família contou que teria ido ao Terminal Integrado de Passageiros (TIP), no Curado, pesquisar preços de passagens para João Pessoa, na Paraíba.

Os familiares de Jennifer contaram que foram abordados pelos criminosos logo após deixarem o TIP. No carro alugado pela família estavam, além de Jennifer, o companheiro Pablo, o filho do casal, uma criança de três anos, a sogra da alemã, Delma Freire, e o companheiro dela, Ferdinando Tonelli. Eles moravam na Itália e estavam de férias no Recife, onde vive a família de Delma. Delma, Ferdinando e Pablo já vieram da Itália certos de matarem Jennifer em Pernambuco. A simulação de um assalto no período de carnaval era tudo que eles queriam para omitirem suas participações no assassinato.

Porém, desde os primeiros depoimentos dos sobreviventes, a polícia já tinha uma pulga atrás da orelha com a história contada. Não demorou muito para as investigações revelarem que havia um seguro de vida milionário em nome de Jennifer, cujo beneficiário era o marido da sogra. Isso mudou o rumo da apuração da polícia, assim como a descoberta de que eles mentiram sobre a rota que fizeram naquela noite. O GPS do carro apontou um roteiro diferente do contado pelos familiares da vítima. A partir dessas duas descobertas, o Caso Jennifer, como ficou conhecida a investigação, foi ganhando cada vez mais espaço na imprensa. 

Trabalhei por mais de 12 anos no Diario de Pernambuco, onde acompanhamos toda essa investigação e trouxemos várias informações exclusivas ao longo de quase três meses de cobertura diária. O caso foi manchete do jornal por muitos e muitos dias. Ao final do inquérito, a Polícia Civil de Pernambuco descobriu que os familiares da alemã contrataram um assassino pelo valor de R$ 5 mil para matar Jennifer. Alexsandro dos Santos também foi preso. Ele foi apresentado a Delma pelo irmão dela, Dinarte Medeiros, que também ajudou na compra da arma do crime, um revólver calibre 38. 

Depois de presenciar a mãe ser assassinada, o filho de Jennifer foi levado de volta para Itália pela tia Roberta Freire. Roberta é filha de Delma mas não tinha relação próxima com a mãe na época do crime. O garoto, que hoje tem 18 anos, tem o mesmo nome do italiano que participou do assassinato da mãe dele, Ferdinando. Ele foi criado ao lado de duas primas, filhas de Roberta. O corpo de Jennifer permaneceu mais de 70 dias no Instituto de Medicina Legal (IML) até ser cremado. As cinzas foram enviadas aos parentes na Itália. Delma, Pablo, Ferdinando, Alexsandro e Dinarte foram julgados e condenados. Só Dinarte respondeu pelo crime em liberdade por ter colaborado com as investigações.   

O que está escrito aqui nesta postagem é apenas um pequeno resumo do que foi esse caso. Houve muitos personagens marcantes nesse enredo, Delma foi o principal deles. Em postagem futura, tentarei atualizar a situação de cada um dos envolvidos diretamente na morte de Jennifer Kloker. Já adianto que o italiano Ferdinando Tonelli morreu durante o período no qual cumpria pena no Complexo Prisional do Curado. O Caso Jennifer é daquelas histórias que daria um filme e também um bom livro. Quem sabe eu mesmo não o escreva…

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