Inaugurado no século 19, o prédio que abrigou por muitos e muitos anos a Escola Normal Pinto Júnior, no Centro do Recife, pede socorro. É na esquina das ruas do Sossego e do Riachuelo, no bairro da Boa Vista, que está totalmente abandonado e deteriorado o edifício de estilo neogótico que já foi considerado um dos mais bonitos casarões da capital pernambucana.

Há anos, o local onde já estudaram tantas gerações, está esquecido. Porém, hoje, a situação é ainda pior. As calçadas que margeiam o prédio estão interditadas devido ao risco de queda de pedaços da fachada. As faixas amarelas com alerta de interdição da Defesa Civil do Recife indicam o perigo para quem passa pelo local. O alerta está na Rua do Riachuelo e também na Rua do Sossego.

O blog Bodega de Notícias procurou a Defesa Civil do Recife para saber da situação do imóvel e descobriu que o poder público solicitou à Justiça que o mesmo seja leiloado. Em nota, a Secretaria Executiva de Controle Urbano do Recife disse que “solicitou à Justiça que o imóvel onde funcionou a Escola Normal Pinto Júnior seja leiloado, para que um novo proprietário possa fazer a recuperação e dar uso ao mesmo. No processo judicial, constatou-se que o casarão está registrado em nome de uma pessoa já falecida e cujas herdeiras negam qualquer relação com o imóvel.”

A Secon acrescentou ainda que realizou todos os procedimentos administrativos para que os proprietários realizassem a recuperação do imóvel. Porém, como não houve retorno, o caso foi levado à Justiça. O órgão disse também que o casarão já foi vistoriado e é monitorado pela Defesa Civil do Recife. Não foi falado, no entanto, em risco de desabamento da edificação.

A Escola Normal Pinto Júnior foi fundada em 1872 pela Sociedade Propagadora de Instrução Pública. Era voltada exclusivamente ao público feminino e oferecia educação básica e também o curso Normal, direcionado à formação de professoras para atuarem no então ensino primário. Em 1997, o imóvel foi inserido na lista dos Imóveis Especiais de Preservação (IEPs ) por meio de uma Lei municipal. Com isso, o edifício assumia o status de patrimônio cultural e arquitetônico da cidade do Recife.

Um parecer realizado no ano de 2022 por técnicos da Gerência Geral de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundarpe indicou que o imóvel estava com as pinturas das paredes bastante desgastadas, deterioração das esquadrias de madeira das portas e janelas, instalações elétricas e hidráulicas danificadas, além do crescimento de vegetação nas estruturas do prédio e na fachada, cenário visto até hoje.

O Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco demonstra preocupação quanto ao estado de conservação do imóvel da antiga Escola Normal Pinto Júnior e defende e recomenda a mobilização de políticas públicas por parte das entidades competentes de preservação do Patrimônio Cultural do Recife: Prefeitura do Recife; Conselho Municipal de Políticas Culturais do Recife; além do Ministério Público de Pernambuco, para se traçar um plano de preservação, recuperação e uso do imóvel.
Quando criança estudei na Escola Pinto Junior, no antigo Primário, hoje Ensino Fundamental 1, numa sala do subsolo e noutras do primeiro andar da Rua do Sossego. Tenho ótimas lembranças do prédio e de quando estudei nele.
Tempos depois houve uma separação interna e ficou com duas entradas independentes, uma pela Rua do Sossego e outra pela Rua do Riachuelo. O prédio também abrigou um curso para concursos militares, e, no subsolo, uma espécie de galeria.
Muito tempo depois encontrei uma irmã que conheci num Encontro de Casal com Cristo e descobri que ela trabalhava para uma associação ou fundação que administrava a escola e buscava recursos para recuperar o prédio.
Vou tentar localizar essa irmã e verificar se há como ajudar a restaurar o prédio.