O número de veículos de duas rodas circulando pelas ruas do estado e cadastrados pelo Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran) ultrapassou a quantidade de veículos de passeio. Grande parte desse aumento vem do interior, onde as motos são mais utilizadas pela população.

De acordo com dados do órgão estadual de trânsito, existem, atualmente, 1.562.097 motocicletas e motonetas emplacadas em Pernambuco. Já a quantidade de carros de passeio é de 1.538.192. A diferença de 29.905 foi alcançada recentemente.
Em abril deste ano, o Detran havia registrado uma diferença de pouco mais de 2.700 veículos de passeio em relação ao número de veículos de duas rodas. A acelerada na quantidade de motocicletas e motonetas no trânsito traz também o aumento do número de acidentes e mortes de ocupantes de motos.

Dados do Atlas da Violência 2025 lançado recentemente revelam que 54,4% dos óbitos por acidentes de trânsito ocorridos no ano de 2023 tiveram como vítimas pessoas que estavam em motocicletas.
Pernambuco é o sexto estado do Brasil em mortes em motocicletas. Perde para os estados do Piauí (69%), Ceará (59,5%), Alagoas (58,4%), Sergipe (57,8%) e Amazonas (57,3%). No Recife, de acordo com os registros do Detran, existem 187.051 motocicletas/motonetas em circulação.

Ainda no Grande Recife, Jaboatão dos Guararapes soma 72.065 veículos de duas rodas. No Agreste, a cidade de Caruaru conta com 86.501 motocicletas/motonetas nas ruas. Já em Petrolina, no Sertão, existem 80.422 veículos de duas rodas.
A preocupação com o tema é tanta que levou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) a promover uma discussão junto aos órgãos de fiscalização de trânsito, hospitais, Corpo de Bombeiros e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O encontro aconteceu em junho deste ano e debateu sobre os programas e as ações que estão sendo desenvolvidos para tentar diminuir o número de sinistros de motos no estado.
Somente entre os meses de janeiro e maio de 2025, a Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde e Atenção Primária da SES-PE registrou que a motocicleta era o meio de locomoção de 76% das vítimas de acidentes ocorridos no estado. Foram 12.199 acidentados por motos em cinco meses.
O impacto da quantidade de motos nas ruas e também do número de acidentados geram consequências graves. Uma delas é o adiamento de cirurgias eletivas de alta complexidade realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Os recursos que deveriam ser destinados para essas cirurgias estão sendo destinados para atender as vítimas de colisões, atropelamentos e quedas envolvendo motocicletas. Somente em 2024, 1.450 cirurgias eletivas de alta complexidade deixaram de ser realizadas, segundo o Ministério da Saúde.
Entre os fatores que contribuíram para o aumento do número de motocicletas em circulação em Pernambuco está a grande demanda de motociclistas que trabalham fazendo entregas e transportes de passageiros.